Acesso à informação e combate à desinformação são algumas das recomendações do relatório final do projeto Pancopop

A forma como os meios de comunicação social selecionam e apresentam informações durante crises de saúde pública pode ter um impacto significativo nas atitudes e no comportamento da sociedade. A partir dessa preocupação, o projeto multinacional Pancopop – Comunicação da pandemia em tempos de populismo desenvolveu um estudo comparativo envolvendo pesquisadores da comunicação política e da saúde pública. 

Os países estudados foram os Estados Unidos, Brasil, Polônia e Sérvia. Agora, foi lançado o relatório final com apresentação dos resultados da pesquisa e recomendações.

Intitulado “Praticando a comunicação eficaz sobre crises sanitárias em tempos de populismo: o projeto PANCOPOP como fonte de conhecimento acionável”, o documento destaca algumas recomendações às autoridades para garantir o acesso à informação, o combate à desinformação e a qualidade da informação:

  1. Manter a autonomia e a transparência das agências especializadas lideradas por profissionais de saúde e a integridade do processo científico de obtenção e análise de informação e de formulação de recomendações.
  2. Antecipar-se à contestação política de ameaças à saúde pública e medidas preventivas e rever as orientações e formas de treinamento existentes para emergências de saúde pública, incorporando recomendações e cenários que prevejam a falta de apoio das elites políticas.
  3. Ao desenvolver medidas e tratamentos preventivos, evitar estilos de comunicação estritamente verticais e criar mecanismos de diálogo com uma variedade de atores, procurando encontrar soluções multipartidárias que tenham mais chances de serem mais amplamente aceitas. 
  4. Cultivar relações de cooperação com organizações de mídia, garantir que as perguntas recebidas de jornalistas nunca fiquem sem resposta e facilitar o acesso de jornalistas a especialistas com conhecimentos apropriados. 
  5. Desenvolver e implementar uma estratégia integrada para combater a desinformação sobre saúde, tanto online como offline, coordenando esforços a nível nacional, regional e local, e envolvendo múltiplos públicos de interesse, desde organizações de mídia, reguladores e plataformas digitais até influenciadores e comunidades locais, prestando especial atenção a grupos vulneráveis.

O relatório pontua, ainda, recomendações aos reguladores de mídia e formuladores de políticas e às organizações de notícias e jornalistas enquanto grupos de profissionais envolvidos na comunicação de crises sanitárias. De acordo com pesquisador e integrante do projeto Danilo Rothberg, as equipes de comunicação pública precisam se antecipar às eventuais contestações políticas de ameaças à saúde pública e medidas preventivas e rever as orientações e formas de treinamento existentes para emergências de saúde pública. “É preciso trabalhar com cenários que prevejam a falta de apoio das elites políticas”, afirmou. 

Sobre os próximos passos, o pesquisador explica que a equipe do Pancopop
está com vários artigos científicos em avaliação por revistas, e outros em fase de finalização. “Já apresentamos e vamos apresentar artigos decorrentes do projeto em eventos acadêmicos. Estamos estreitando contatos com setores relevantes para disseminar o relatório do projeto e ampliar o engajamento com suas recomendações”.

As versões em Português e Inglês do relatório estão disponíveis na biblioteca da ABCPública.

Seminário 

A ABCPública é uma das entidades parceiras do projeto e participou da discussão da versão preliminar do relatório. Também organizou, em abril, o seminário “Lições da pandemia para a comunicação das epidemias”, a partir da apresentação, em primeira mão, dos resultados e recomendações do projeto.

Confira o seminário aqui

 

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