A Constituição Federal de 1988 divide a radiodifusão no Brasil em três tipos de sistemas (público, privado e estatal), complementares entre si. Todavia, as experiências históricas mostram que não há equilíbrio entre as modalidades e o setor é marcado pela ênfase na tradição comercial. Do outro lado da balança, veículos de rádio e televisão públicos esbarram em desafios estruturais – de natureza política, econômica e cultural – para consolidar práticas que os diferenciem da mídia estatal e, sobretudo, para alcançar uma posição de serviço reconhecidamente legítimo e relevante para a sociedade e para a democracia. Partindo da premissa de que a mídia comercial difunde visões e conformam imagens sobre televisões e rádios públicas, este artigo mapeia os argumentos mais usados nos jornais da chamada grande mídia para se referir ao serviço público de radiodifusão, representado na maioria das ocorrências pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Metodologicamente, uma análise temática de conteúdo destaca os principais posicionamentos da Folha de S.Paulo, do Estado de São Paulo e d’O Globo perante aos veículos públicos. O corpus selecionado reúne 36 editoriais, publicados entre 2007 e 2018.
