ATORES POLÍTICOS E CRISES ENTRE A VISIBILIDADE E A VIGILÂNCIA DO PALCO MIDIÁTICO DIGITAL: UMA ANÁLISE DOS EVENTOS PROTAGONIZADOS PELO PREFEITO COVER DE ELVIS E O CANDIDATO COACH

BIASIBETTI, Júlia Machado

Este estudo busca contribuir com a pesquisa acadêmica sobre riscos e crises no
âmbito da comunicação política. O objetivo é refletir sobre como a dinâmica de
visibilidade e vigilância que incide sobre os atores políticos no ambiente midiático digital se relaciona com as crises no contexto da democracia. Em busca de pistas acerca das possíveis respostas, analisamos a ligação telefônica entre o prefeito gaúcho Fabiano Feltrin e o ministro Paulo Pimenta e a cadeirada que o candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, levou do seu concorrente, José Luiz Datena. A partir das lentes epistemológicas do Paradigma da Complexidade (Morin, 2011) e da Hermenêutica de Profundidade (Thompson, 1995), articuladas com a Pragmática da Comunicação (Watzlawick; Beavin; Jackson, 1985) e conceitos centrais como o da incomunicação (Wolton, 2023), o percurso teórico envolve reflexões sobre as metamorfoses sociais, políticas e tecnológicas (Beck, 2018) que transformam as perspectivas comunicacionais na esfera pública (Habermas, 2023); crises e escândalos políticos decorrentes da visibilidade e da vigilância midiática (Thompson, 2002) no contexto da democracia (Castells, 2018); atores políticos e suas representações políticas (Hobbes, 2003; Pitkin, 2006) e teatrais (Balandier, 1982; Goffman, 1985) e possíveis dimensões de cuidado (Tronto, 2007; Brugère, 2023). Como resultados, evidenciamos que as perspectivas de visibilidade e vigilância incidentes sobre os atores políticos no palco midiático digital — somadas ao efeito bumerangue (Morin, 2011) inerente a essa atuação, que gera e alimenta rupturas de= representação (Goffman, 1985), escândalos e polêmicas (Thompson, 2002; Ekström; Johansson, 2008; Cabás, 2011) — constituem uma relação de recursividade (Morin, 2011), na qual tudo é causa e efeito, dentro de um circuito de retroalimentação (Watzlawick; Beavin; Jackson, 1985), que amplia não apenas o descrédito na atuação política, mas também corrói a confiança na própria democracia (Castells, 2018).

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