A partir de princípios que norteiam a Comunicação Pública, esta pesquisa busca investigar lógicas por trás de políticas e técnicas adotadas em experiências que partem de diferentes atores sociais com o propósito de incremento à cidadania e que estão apoiadas em tecnologias digitais. O objetivo foi traçado a partir do seguinte problema de pesquisa: Como instituições do poder público, do mercado e da sociedade civil relacionam tecnologias digitais e incremento à cidadania, no contexto da Comunicação Pública? Nesta pesquisa, defendemos a tese de que diferentes atores sociais têm desenvolvido iniciativas que aliam recursos técnicos e foco na cidadania, podendo ser caracterizadas como práticas que materializam pressupostos da Comunicação Pública ante um espaço público midiatizado. O aporte teórico parte de estudos da Comunicação Pública e de redes digitais, tendo como pano de fundo o fenômeno da Midiatização e seus reflexos para a esfera pública no contexto contemporâneo, considerando práticas de racionalidade neoliberal em contexto digital. O enfoque foi direcionado aos estudos e experiências que se voltam a tecnologias móveis e processos inovativos para incremento à cidadania. O corpus compreende os projetos Fala.BR, da Controladoria-Geral da União – governo federal; Serenata de Amor, da Open Knowledge Brasil, e Guia do Voto, do Grupo Votorantim. As experiências foram analisadas a partir de uma perspectiva que abrange atores, técnicas e políticas. Utilizamos como estratégia metodológica os parâmetros do Estudo de Caso, buscando uma triangulação que contemplou, além de Pesquisa Bibliográfica e Documental, a Observação Sistemática, para as análises das funcionalidades mobile e das características da comunicação em rede, e a Análise de Conteúdo para investigação das normativas e documentos das organizações. Verificamos que as experiências analisadas foram desenvolvidas a partir de diferentes lógicas, conformadas às estratégias das organizações promotoras e dos setores sociais em que estão inseridas. Os resultados sugerem que nem todos preceitos básicos da Comunicação Pública são atendidos e nem sempre a participação social é privilegiada. Há falhas nas diretrizes institucionais e no quesito transparência. Por outro lado, verificamos que há uma materialização parcial de preceitos da Comunicação Pública, advinda de diferentes setores da sociedade – Estado, mercado e sociedade civil – demonstrando que há uma atuação com foco na promoção da Cidadania apoiada em tecnologias digitais no Brasil.