Em artigo-provocação publicado em meio à pandemia sugeri a
hipótese de que o contexto comunicativo atual espelha um verdadeiro
abismo de sentido, em que apesar de se ouvir em toda a parte os termos de
uma mesma linguagem política moderna, os significados atribuídos às
palavras variam enormemente (quando não simplesmente se opõem).
Neste artigo desenvolvo essa hipótese a partir de uma exploração das
diferenças estruturais entre a configuração atual das mídias – diante da
revolução digital em curso – e a de meio século, com o predomínio do
modelo de broadcasting. Trata-se de uma reflexão sobre como a revolução
tecnológica desafia as pretensões de interlocução privilegiada da chamada
“grande mídia” com algo que poderia tentativamente ser caracterizado como
establishment, na medida em que favoreceria a fragmentação de públicos
(re)produtores de informação e discursos, num processo de articulação,
mobilização e afirmação mutuamente excludentes das mais diversas tribos.
Do broadcasting ao tribalismo: Notas para um diagnóstico do lugar (ou lugares) das mídias na crise da democracia
LATTMAN-WELTMAN, Fernando. Do broadcasting ao tribalismo: Notas para um diagnóstico do lugar (ou lugares) das mídias na crise da democracia. In: 9ª Edição do Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica): Anais [...], 2021.
LATTMAN-WELTMAN, Fernando