O trabalho investiga os efeitos que os usos dos recursos digitais de participação presentes em portais institucionais são capazes de gerar sobre o processo de produção da decisão política. A partir do exame empírico das características e das formas de uso dos canais de input político diagnosticados no Portal da Câmara dos Deputados (Brasil), são questionados os limites da influência que os cidadãos conseguem exercer sobre seus representantes. Na experiência analisada, descobriu-se que, não obstante a variedade de instrumentos voltados para fomentar a participação, os usuários são dotados de insumos que restringem seus modos de intervenção a atividades como debater, sugerir ou, no máximo, pressionar os parlamentares (isso não é pouco, mas contradiz os discursos mais eufóricos acerca do potencial dos dispositivos digitais). Acredita-se que esta limitação se dá pela força das regras tradicionais que orientam o jogo político, marcadas pela ênfase na democracia representativa.