Comunicação governamental: o local como foco de análise

O maior mérito da comunicação com o cidadão é contribuir para garantir direitos na rotina e na vida diária das pessoas. 
Organizado pela professora Mariângela Furlan Haswani, o livro Comunicação governamental: o local como foco de análise (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA-USP, São Paulo, Brasil, 2015) reúne vários autores em torno do tema e das diversas práticas da comunicação governamental.
Na introdução da obra, Mariângela Haswani, professora do Departamento de Relações Públicas da ECA-USP, relembra que “a expressão ‘comunicação pública’ tem três possíveis definições, que envolvem pontos de vista distintos: o da origem da formulação das mensagens e sua emissão – neste caso, exclusivamente o Estado; o da finalidade – aqui, principalmente as organizações do terceiro setor e o do objeto que, quando é o interesse geral, pode ter origem no Estado, no Mercado e no Terceiro Setor”.
Para a especialista, a classificação acima, de Paolo Mancini (2008), “abre um horizonte teórico abrangente para a comunicação pública, permitindo centenas de derivações, que vão das ações organizacionais privadas às decisões do poder estatal constituído. Aqui, o leque de possibilidades avança, também, nos três poderes estabelecidos na Constituição Federal brasileira de 1988 – Executivo, Legislativo, Judiciário – e nos três níveis desses poderes: Federal, Estadual e Municipal”.
Na perspectiva de que a comunicação pública, a ser exercida por poderes federais ou locais, é uma garantia da Carta Magna, o livro transita por abordagens de comunicação vinculadas à experiência local. “Na prática, o ambiente local é o mais próximo e palpável pelas pessoas. A rua de casa, o posto de saúde, o mercado municipal, o ônibus dos destinos diários: tudo é parte do dia a dia, da intimidade de todos nós. Se qualquer aspecto da vida local falhar, inviabiliza toda a nossa rotina ou parte dela; acarreta, no final das contas, desrespeito a um ou mais direitos”, explica.
O papel da comunicação governamental, sob a ótica da proximidade com o cidadão, bem como os desafios conceituais e os dilemas dos gestores que atuam no Executivo, Legislativo e Judiciário, são as reflexões centrais presentes no livro.
O tema implica, também, discussões em torno do direito à informação e do papel social da mídia. Viviany De Pianti (autora de “Comunicação e Democracia: compreendendo teoria e realidade”), aponta para um debate necessário: “em tempos de transformação, qual será o deadline dos controladores da mídia? Por quais terrenos circulam seus planos e quais são as chances desse modelo de democracia conseguir sustentar por muito mais tempo uma comunicação que não segue a lei, a lógica e nem a vontade da maioria?”.
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Além do artigo de Viviany De Pianti, o livro tem os seguintes textos:

  • A esfera pública virtual: o virtual como legítimo espaço público no século XXI, de Alexandre Augusto Giorgio.
  • Comunicação pública: Rio+20 e a questão da resiliência aos desastres naturais, de Iara Maria da Silva Moya.
  • Lei de Acesso à Informação: elementos para uma discussão sobre discurso, poder, acesso e comunicação organizacional em órgãos públicos, de Marcus Vinicius de Jesus Bonfim.
  • Grupos de interesse organizados, de Perolah Caratta Macêdo Portella Silveira.
  • Divulgação e comunicação institucional da USP — como tornar a comunicação mais pública, de Adriana Neves Cruz / Eliete da Rocha Viana.
  • Marketing público ou comunicação pública. Eficácia ou falácia?, de Antônio Peres
  • A divulgação de informações produzidas pela Faculdade de Saúde Pública da USP por meio de notícias, de Carlos A. Teixeira / Lucas P. Bonanno.
  • Comunicação governamental como alimento da comunicação eleitoral: o caso das gestões petistas em Guarulhos, de Elaides Basilio Andrelino.
  • A educação paulista: o potencial comunicativo da Internet na divulgação de informações da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, de Francine Altheman.
  • O olhar da comunicação pública sobre a experiência do Orçamento Participativo, de Jamile Coutrim Dalri.
  • A ouvidoria da EBC e o desafio da participação, de Jorge Pereira Filho.
  • Gestão do Trânsito — Rumos da mobilidade na metrópole Paulistana, de Valdenete Gomes de Moraes.
  • No desenvolvimento do turismo regional — Uma questão de direitos e oportunidades de deliberação, de Patricia Guimarães Gi.
  • Assessoria de Comunicação Governamental: uma análise da realidade teórica e prática, de Simone da Silva Labres.
  • O caso “Reaja Piracicaba” — Internet e mobilização no contexto local, de Victor Kraide Corte Real.
  • Cacique Social, de Wisney Martins de Souza.

 

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