Comunicação sustentável e do bem

As pessoas hoje pedem esclarecimentos, compromissos com mudanças de rumo e transparência para monitoramento do desempenho futuro.
O cidadão está disperso pelas próprias características da atual comunicação. Se há uma enorme e democrática vantagem quanto à ágil obtenção de informações de todo tipo, existe também a necessidade de destacar e jogar luz sobre mensagens que tornem mais nítida a imagem de empresas, produtos e mesmo de políticos em campanhas eleitorais. Não basta dizer que é bom e anunciar um potencial positivo. É preciso mostrar a alma do negócio e o nível de engajamento com valores da empresa ou de um candidato.
Marcas que prometem eficiência, mas contêm ruídos em seu histórico, como uma agressão ao meio ambiente por parte do fabricante, vão esbarrar em mensagem contraditória e não mais permitida pelo consumidor. As pessoas hoje pedem esclarecimentos, compromissos com mudanças de rumo e transparência para monitoramento do desempenho futuro. Um avanço que resulta em oferta de mais qualidade no mercado.
A maior conscientização coletiva elegeu essa comunicação sustentável, em que a ética, a responsabilidade social, o respeito ao ambiente, a minorias e a animais são valores importantes. O Brasil externou tal percepção nas manifestações de 2013, quando a população foi às ruas pedir mais recursos para saúde e educação. Os cidadãos realçaram esses dois temas, mas traduziram ali nova e mais ampla forma de comunicação que se preocupa com a contribuição para sociedade mais solidária. Não adiantam atitudes executivas, com boa gestão e realizações (que são obrigações já esperadas pelos cidadãos), sem considerar todo o conjunto de anseios sociais. O tangível só tem valor se o governante considerar todo o intangível — que inclui o intolerável. Prepotência determina o fim do jogo.
Cada produto, empresa, aspirante a cargo parlamentar ou executivo deve, pois, fazer a sua parte e torná-la visível a seu público-alvo. Pelo próprio princípio jornalístico, o contraditório haverá sempre de chamar mais a atenção que as demais notícias. Não vale reclamar. É assim mesmo, com denúncias e apurações transparentes, que os povos evoluem nas democracias. Entretanto, no momento em que a sociedade almeja o comprometimento com causas do bem, as bandeiras positivas precisam ser organizadas e contadas como exemplos inspiradores a tantas outras ações.
A demonstração dos efeitos da colaboração com entidades de combate a doenças — como o câncer de mama, a propósito do Outubro Rosa —; do auxílio à preservação da natureza, desde a adoção de jardins à implementação de políticas empresariais que reduzam a emissão de poluentes; à proteção animal e tantas outras iniciativas servem de alimento aos cidadãos e de estímulo a um relacionamento mais estreito entre quem pratica tal bem e o seu público. E quando a gestão da comunicação escolhe a empatia com o interlocutor como o seu eixo estará, desde o primeiro momento, realizando uma prevenção de crise.
Caso a crise surja, já se terá firmado uma relação de confiança da marca ou da figura pública com o receptor da mensagem.
Texto: Valéria Blanc – Jornalista e sócia-diretora da DOM Comunicação
Fonte: Comunique-se
 

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