Em mesa redonda estudiosos falaram sobre questões como imparcialidade, valores, ponto de vista e influencia empresarial na imprensa
Nos últimos meses a crise política têm sido capa de jornais e revistas, além de tema recorrente no rádio e televisão brasileira. Diante disso, a cobertura dos veículos de imprensa tem sido isenta? Transmitida à sociedade de forma neutra e imparcial? Para responder essas questões as Rádios Nacional de Brasília, Rio de Janeiro, MEC AM Rio de Janeiro, Rádio Nacional da Amazônia e Alto Solimões, realizaram nesta sexta-feira (1°) uma mesa redonda com especialistas para debater o assunto.
De acordo com o juiz de Direito, doutor em Ciência Política e membro da Associação Juízes para a Democracia, João Damasceno, tanto a justiça quanto a mídia têm dificuldade para reconstituir os fatos, o que não deve impedir a busca pela verdade. “Essa reconstituição efetivamente ela precisa ser a mais fidedigna possível, ou seja, o mais próximo do que seria essa verdade. (…) Buscar, em primeiro momento, essa reconstituição dos fatos com fidedignidade é uma questão de honestidade intelectual”, explica. Ainda de acordo com Damasceno, não existe relato isento, já que qualquer pessoa olha para o mundo através dos valores que possui.
Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schroder, os jornalistas tem o compromisso com a sociedade de falar a verdade testemunhada e construída à partir de fontes. “A objetividade e a neutralidade (…) precisam existir para existir jornalismo”. Contudo, o presidente da Fenaj comenta que no Brasil há uma apropriação indébita da atividade jornalística por parte das empresas.
Para o professor do Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rogério Christofoletti, o debate sobre a isenção ou não isenção da mídia é infrutífero, já que se usa o argumento de que a imparcialidade é impossível. Ele acredita que é preciso mudar o debate. “Gostaria que a gente começasse a pensar, a deslocar o debate não para isenção ou não isenção dos meios e dos profissionais, mas pensar em torno do conceito de transparência. (…) Se isenção e imparcialidade não são possíveis, transparência sim, é mais possível”, defende.
Escute aqui a mesa redonda na íntegra
Fonte: Agência Brasil