Debate “o futuro da comunicação” destaca perspectivas e desafios para a Comunicação Pública

Com a intermediação da MegaBrasil/Jornalistas & Cia., o painel “O Futuro da Comunicação” reuniu a ABCPública, Abracom e Aberje. No evento, foi apresentada pesquisa inédita com comunicadores que trabalham na área pública. Nos debates, consenso de que muitas dificuldades e desafios profissionais dos comunicadores públicos também estão presentes na comunicação empresarial

O presidente da ABCPública, Jorge Duarte, representou a entidade como painelista no debate “O Futuro da Comunicação” realizado na manhã da última segunda-feira (17) na sede da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), na capital paulista. O painel também contou com a participação da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), da própria Aberje e da Mega Brasil Comunicação, entidade que propôs o painel e mediou os trabalhos com a participação do jornalista Eduardo Ribeiro.

O painel colocou em debate a situação atual e perspectivas para as organizações privadas, para as agências de comunicação e para as instituições públicas, buscando encontrar consensos em comunicação, visando, inclusive, articular uma atuação conjunta.

O encontro apontou os desafios do setor de comunicação diante do avanço da tecnologia, principalmente, a inteligência artificial, a desvalorização do trabalho do profissional de comunicação, a importância de maior integração das entidades, reforço do trabalho em rede e a necessidade de mudança do processo de formação de novos comunicadores.

Principais temas

No âmbito da comunicação pública, Jorge Duarte, trouxe dados de uma pesquisa feita com associados da ABCPública que apontou a falta de reconhecimento sobre o papel estratégico da comunicação como a principal inquietação do setor, além da falta de diretrizes e planejamentos. As questões também foram identificadas no setor privado. (Clique aqui para conhecer a íntegra da pesquisa e leia mais abaixo os pontos principais)

Para Jorge, uma das estratégias para enfrentar os problemas é falar sobre comunicação. “Desde quando entrei na Embrapa percebi que preciso mostrar aos dirigentes e aos colegas a importância da comunicação. E falo isso constantemente. É preciso que a gente insistentemente repita qual a função da comunicação”, afirmou.

O presidente da ABCPública considera a comunicação essencial para o desenvolvimento social e o aprimoramento dos serviços públicos: “mais do que divulgar ações governamentais, a comunicação pública busca garantir qualidade nas políticas públicas, transparência, participação cidadã e assegurar qualidade no acesso à informação de interesse comum”. Duarte ressaltou a profissionalização e valorização dos comunicadores públicos como fundamentais para consolidar a eficácia dos serviços públicos. 

“Nos debates, ficou clara a compreensão sobre a relevância da comunicação pública como instrumento de transparência, combate à desinformação e fortalecimento da democracia, e que as instituições públicas e privadas compartilham responsabilidades e desafios semelhantes na busca por uma comunicação mais eficiente e inclusiva em um cenário de rápidas transformações digitais e sociais”, destacou Jorge Duarte.

Outro ponto levantado no painel tratou da formação profissional. O avanço tecnológico, principalmente, com o surgimento da inteligência artificial e a ciência dos dados indica que “somente as ciências sociais não dão mais conta da formação de profissionais”. “É preciso uma mestiçagem”, explicou Paulo Nassar, da Aberje. Para ele, a divisão tradicional das áreas de comunicação – Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda – precisa ser superada. Os presentes destacaram que o futuro profissional de comunicação será multidisciplinar e usará a Inteligência Artificial integrada na operação cotidiana, enquanto  planeja e cria estratégias.

Representante da Abracom, Fábio Santos disse que “há uma disputa maior pelos recursos da comunicação”, o que impacta no preço do serviço. No entanto, segundo ele, a cobrança por resultados continua aumentando. “Percebo um rebaixamento sobre o quanto a comunicação é estratégica”. Afirmação que foi ponderada diante de uma pesquisa feita pela Aberje, em corporações de porte, que apontou que 57% dos profissionais de comunicação nestas grandes empresas estão em posição estratégica na instituição e 50% respondem diretamente à presidência.

Pesquisa aponta as demandas dos profissionais de comunicação pública

Resultados de pesquisa concluída na primeira semana de março,  junto aos associados da entidade, revelou que, na opinião dos comunicadores públicos, os desafios mais relevantes estão baseados no reconhecimento do papel estratégico da comunicação; no estabelecimento de diretrizes institucionais e políticas específicas; em recursos, orçamento e equipes; no foco no interesse público. 

É consenso para a maioria dos associados que a comunicação na área pública deve ser mais estratégica, autônoma e integrada à gestão; mais focada no cidadão; com atuação baseada em dados e ter políticas institucionais mais claras, de maneira a evitar o uso político. 

A pesquisa apontou ainda que  demandas importantes seguem pendentes, como  a aprovação de um marco regulatório específico para a comunicação pública; a melhoria das condições de trabalho; a promoção da inclusão e acessibilidade e maior atenção à sobrecarga enfrentada pelos profissionais da área. Duarte ressaltou que “combater a interferência política é uma prioridade para assegurar a autonomia e credibilidade da comunicação pública”.

Pela pesquisa, a comunicação pública enfrenta uma série de desafios que vão desde a valorização da profissão até questões estruturais e políticas. Profissionais do setor reivindicam mais estabilidade frente a oscilações políticas e orçamentárias, além da aprovação de um marco regulatório que assegure o reconhecimento da comunicação como serviço essencial. Destaca-se também a necessidade de combater a desinformação, promover transparência e participação social, e garantir inclusão e acessibilidade a todos os públicos, sobretudo aos grupos mais vulneráveis. Para fortalecer o campo, é preciso ampliar a integração entre instituições, academia e mercado, desenvolver diretrizes para o uso eficiente das novas plataformas digitais e incentivar a capacitação constante dos comunicadores, sem esquecer de medidas para enfrentar a sobrecarga e proteger esses profissionais de interferências políticas que comprometem a autonomia e continuidade das ações comunicacionais.

Participantes

Os debates foram conduzidos por Eduardo Ribeiro e Marco Antonio Rossi, sócio-diretores da Mega Brasil Comunicação, idealizadora do evento. Estiveram presentes o vice-presidente da Coordenação Regional da ABCPública, Armando Medeiros, o diretor-executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, a diretora-executiva da Abracom, Sheila Magri, além de convidados das instituições presentes. Também da ABCPública participaram Mariana Montoro, Marcus Vinicius Bonfim, Mariana de Amorim Borges, Érison Martins e Simara Helena, associados da regional São Paulo.

O debate realizado na sede da Aberje fará parte do conteúdo editorial da edição 2025 do Anuário da Comunicação Corporativa, consolidando as reflexões e propostas discutidas durante o evento.

Texto de Silmara Helena, com apoio Mariana de Amorim Borges e Armando Linhares Medeiros

 

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