Edson Gil Santos Júnior concluiu mestrado na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Processos Jornalísticos, analisando “O jornalismo da fonte como parte necessária de um jornalismo plural democrático”. Para isso, verificou as rotinas da divulgação da Assembleia Legislativa do Paraná.
Nas conclusões, o autor relata que o estudo serviu “para delimitar mais claramente fronteiras entre o jornalismo da fonte de instituição pública, com a comunicação pública e o jornalismo público. Concluiu que, por mais que o jornalista da fonte produza conteúdo para uma instituição custeada com recursos públicos, isso não quer dizer que de maneira plena seja produzida comunicação pública e jornalismo público. Por outro lado, seria equivocado afirmar categoricamente que este profissional não produz, em grande parte de suas rotinas laborais, noticias de interesse público, de utilidade pública e de maneira objetiva ao ponto de ser considerada comunicação pública, que por vezes estimula o civismo e ainda promove a cidadania nos moldes do jornalismo público”.
Edson buscou, entre outros objetivos, “identificar se o trabalho é jornalismo, assessoria de imprensa ou jornalismo da fonte”, levando em conta a legislação, o uso das tecnologias digitais e a mudança de comportamento dos profissionais. Ao final, sugere que na Assembleia é realizado um “jornalismo da fonte e assessoria de imprensa em transformação”.
Edson trabalhou em TV, revistas, jornais impressos e como assessor de imprensa de associações e órgãos públicos. Por meio dessa experiência profissional, percebeu similaridade das funções dos jornalistas e dos assessores de imprensa, “considerando a maneira de escrever, o conhecimento do que o público quer ler como saber expor de forma profissional o acontecimento de um fato”. Após o levantamento efetuado para a dissertação, a visão, sem sua própria avaliação, foi desconstruída e deu lugar a questionamentos. Ele conclui, por exemplo, que o assessor de imprensa não é jornalista, por mais que o conhecimento em jornalismo proporcione plenas condições de o profissional desenvolver um excelente trabalho para seu assessorado.
Ele separa jornalismo na fonte de assessoria de imprensa. “A função do assessor de imprensa, respeitando a ética profissional, é cuidar da imagem do assessorado perante a imprensa e, por consequência, junto à sociedade através da imprensa. Por outro lado, o jornalista da fonte tem outra missão no contexto profissional que é fazer jornalismo para os canais de informações da fonte. Este modelo de profissional é um produtor de conteúdo, que tem funções e rotinas parecidas com o jornalista de redação, porém de modo monotemático, considerando a instituição pública para qual se presta o serviço”.
Em virtude disso, o jornalista da fonte, como apresentado no trabalho deveria ter um cargo específico no organograma profissional das instituições, principalmente as públicas e, assim, não deve fazer releases, sugerir pautas, não tem como função atender a postura do assessorado ou gerenciar situações de crise comunicacional da fonte, mas, sim, reportar o que acontece na fonte de informação e que seja de interesse público de forma isenta e objetiva.
“Tanto nas experiências do Senado Federal quanto da Câmara dos Deputados estas funções apresentam fronteiras bem definidas. Porém, na Assembleia Legislativa do Paraná nem tanto. Os meios de comunicação legislativos na esfera federal, mesmo com a influência das Mesas Diretoras, deixam explicita a diferença em relação às assessorias de imprensa, pois os profissionais da fonte trabalham para produtos específicos do Poder, isto é, canais de informação em rádio, televisão, jornal e internet.”
“Também não se pode afirmar de forma absoluta que estes aparelhos midiáticos estatais não produzem comunicação pública, pois as informações disseminadas por estes órgãos são de interesse público e, como visto nas diversas experiências legislativas, inclusive na Alep, nem sempre sofrem a censura do chefe do poder, apenas obedecem a um perfil editorial pré-estipulado, transvestido de objetividade para evitar que a estrutura de comunicação da Casa cause conflitos entre os parlamentares”.
O autor também relata, ao final, que “a credibilidade diariamente conquistada é posta à prova constantemente pela quantidade nunca até hoje vista de informações disponibilizadas na internet, em um momento em que se multiplicam os formadores de opinião, jornalistas ou não, muitas vezes com o conhecimento raso sobre a vida pública de um município, estado ou país, mas que difundem boatos que prejudicam a democracia. Cabe à mídia da fonte ser referência oficial de informações credíveis juntamente com outros veículos comerciais bem conceituados pelo público”.
“Os meios próprios da fonte, principalmente aqueles que representam o setor público, ou mesmo no caso do Poder Legislativo, que representa a população, devem ser exemplos na difusão de notícias claras, objetivas, que promovam a democracia e a cidadania. É necessário que, neste contexto de jornalismo plural, o jornalismo que é custeado com recursos públicos seja referência de respeito ao cidadão, na primazia do interesse público e na informação de qualidade.
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