III ComPública divulga finalistas do Prêmio Neuza Meller de Radiodifusão Universitária

O III Congresso Brasileiro de Comunicação Pública divulgou os três finalistas do Prêmio Neuza Meller de Radiodifusão Universitária. Os três finalistas são “Direito Indígena à Universidade”, da UNB TV, “Raízes do Mangue”, da TV Unifor e “Universo das Emissoras Públicas”, da USP. O vencedor da premiação será divulgado durante o Congresso, que ocorre entre os dias 20 e 22 de outubro na Universidade Federal de Sergipe (UFS). 

A iniciativa reconhece e premia as melhores produções jornalísticas de emissoras universitárias brasileiras que contribuam para o debate público sobre emergência climática e direito à informação. E homenageia a jornalista Neuza Meller, servidora da Universidade de Brasília (UnB) e diretora da UnBTV por uma década. Referência na comunicação pública e uma das responsáveis pela criação do Canal Universitário de Brasília, Neuza faleceu em 2021, vítima da COVID-19, deixando um legado de comprometimento com a democratização da informação.

Sobre os finalistas

1. Raízes do Mangue: O que te enraíza nesse lugar? Esse é o fio condutor de “Raízes do Mangue”, documentário produzido pelos núcleos de jornalismo e de produção da TV Unifor, emissora pública vinculada à Universidade de Fortaleza (Unifor), mantida pela Fundação Edson Queiroz (FEQ), e associada à Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU).

A partir da história de Dona Neusa, marisqueira, dona de barraca de praia e integrante da comunidade tradicional Boca da Barra — localizada na Sabiaguaba, bairro litorâneo de Fortaleza (CE), a 15 Km do Centro da Cidade —, o documentário evidencia como práticas culturais, modos de vida e saberes ancestrais e populares se entrelaçam à resistência frente às ameaças da especulação imobiliária, do avanço urbano e da degradação ambiental.

O documentário busca refletir sobre como a natureza e os povos tradicionais da Sabiaguaba resistem às forças de transformação impostas por esse avanço do mercado imobiliário e por modelos de desenvolvimento urbano que desconsideram a proteção ambiental e os direitos das populações locais. Entre os casos emblemáticos, destaca-se o projeto de loteamento embargado em 2020 graças à mobilização da sociedade civil, de pesquisadores, ambientalistas e do Ministério Público do Ceará. Ainda assim, as ameaças persistem. Em 2022, a inauguração de um complexo gastronômico e ambiental no território acirrou tensões, evidenciando os conflitos socioambientais que seguem invisibilizados no debate público.

2. Universo das Emissoras Públicas da Rádio USP: é um podcast que retrata o papel vital da comunicação pública na nossa sociedade. De forma didática e acessível, analisamos como emissoras públicas ao redor do mundo informam, educam, promovem a cultura e garantem o direito à informação aos cidadãos.

Em cada episódio, investigamos a história da radiodifusão pública em países como Reino Unido (BBC), Alemanha (ZDF e ARD), Estados Unidos (PBS e NPR) e Uruguai (Medios Públicos) com o objetivo de entender como essas instituições construíram sua independência financeira e editorial, protegendo-se de pressões comerciais e governamentais. As edições abordam também o trabalho de construção de empresas públicas de comunicação em países da África e da América Latina, incluindo o Brasil.

Através de entrevistas dinâmicas com profissionais e pesquisadores, e enriquecido com a sonoridade das emissoras em destaque, o programa Universo das Emissoras Públicas tem 30 minutos de duração e oferece um espaço de diálogo sobre como as emissoras públicas de rádio e televisão não comerciais podem assegurar o acesso à informação de forma independente e plural para a sociedade. As edições são transmitidas pela Rádio USP mensalmente, publicadas em formato de podcast e distribuídas em diversas plataformas.

3. Direito Indígena à Universidade: é um minidocumentário realizado em 2024 pela UnBTV, canal universitário da Universidade de Brasília, que convida o público a refletir sobre os avanços e os desafios da presença indígena no ensino superior. A produção marca os 20 anos da implementação da política de cotas para indígenas na UnB, pioneira no Brasil ao adotar essa ação afirmativa em 2004.

A partir de depoimentos de estudantes e especialistas, o documentário investiga de que forma as universidades têm acolhido os estudantes indígenas e quais barreiras ainda persistem para que esse direito seja plenamente garantido. Mais do que o acesso, a permanência e a valorização das identidades e culturas indígenas são temas centrais da narrativa.

Com uma linguagem acessível e sensível, a produção evidencia o papel transformador da educação superior na vida de jovens indígenas, sem deixar de questionar as lacunas institucionais e as práticas que ainda reproduzem exclusões. O especial também dá visibilidade às trajetórias acadêmicas e pessoais de estudantes que, mesmo diante de múltiplos desafios, afirmam seus saberes, suas línguas e suas culturas dentro da universidade.

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