Criado em parceria com a UFPB, programa público traduz 11 mil sinais. Investimento é de R$ 2 milhões; usuários podem incrementar dicionário.
O Ministério do Planejamento lançou na quinta-feira, 5 de maio o software público VLibras, que permite traduzir textos, áudios e vídeos na língua dos sinais para pessoas com deficiência auditivas. Criado em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o programa gratuito recorre a um intérprete de libras virtual – como aqueles que aparecem em transmissão de sessões do Congresso – para transcrever planilhas, páginas na internet ou filmes, por exemplo.
Segundo o coordenador do projeto, César Bomfim, o programa pode beneficiar cerca de 10 milhões de brasileiros com algum grau de surdez uma vez que boa parte não é alfabetizada na língua escrita. “O software consegue identificar 11 mil códigos [sinais] diferentes. É uma tecnologia de ponta que pode ser usada por qualquer um e inclusive ser adaptada para a TV digital.”
Como o banco de dados é público, o “dicionário” do programa pode ser incrementado por qualquer usuário. “É uma ferramenta colaborativa”, afirmou o secretário de Tecnologia da Informação do ministério, Cristiano Heckert. “Nós convidamos tanto os cidadãos quanto empresas, órgãos públicos, escolas, hospitais a fazerem uso dessa ferramenta, e também colaborarem no seu desenvolvimento, principalmente na ampliação do catalogo de sinais utilizado.”
Com custo de cerca de R$ 2 milhões, o VLibras demorou um ano e dez meses para ser desenvolvido. Além da versão para desktop, o programa também está disponível para plataformas móveis, como celulares e tablets, e pode ser instalado como plug-in (diretamente no navegador). Os serviços já se encontram disponíveis para download.
De uso gratuito, o programa também pode trazer economia para o governo federal. É uma forma de atender a lei 13.146, de 2015, cujo texto prevê que todo órgão público deve manter sites acessíveis para pessoas com deficiência.
“É de custo zero porque é público. Um órgão vai poder instalar o programa sem precisar fazer nenhum ajuste”, explicou o coordenador, César Bomfim. Segundo ele, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Infraero já se mostraram interessadas na ferramenta.
Coordenador da equipe responsável pelo VLibras, César Bomfim (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Próximos passos
Um desafio a ser superado pela equipe da UFPB – responsável pelo desenvolvimento do software – é a falta de padrão para o uso de determinado sinal pelo Brasil. “São regionalismos. A pessoa pode entender um determinado sinal de uma forma em um estado e completamente diferente em outro”, continuou Bomfim, que disse ter se sentido estimulado no projeto pelo fato de a filha de uma amiga ser surda.
Outra intenção dos criadores é refinar o “entendimento” do VLibras, para que possa traduzir corretamente expressões da língua portuguesa ou termos específicos – científicos ou jurídicos, por exemplo. Os criadores do programa também tentam achar uma forma de implementar a tradução simultânea. Por enquanto, o programa é capaz de traduzir vídeos desde que venham com arquivo de legenda.
Equipe da UFPB responsável pelo desenvolvimento do software (Foto: UFPB/Divulgação)
Fonte: G1