Política nas mídias sociais: desinteresse, engajamento e até brigas online

Uma nova pesquisa conduzida pelo Pew Research Center, nos Estados Unidos, mostra como a política está presente nas discussões nas mídias sociais e como os americanos reagem a esse tipo de conteúdo. Embora tenha sido realizado com entrevistas nos Estados Unidos, o levantamento do Pew oferece algumas pistas  que podem auxiliar a entender um pouco o comportamento dos usuários do Facebook e do Twitter quando o assunto é política em outros países. No Brasil, com a recente proibição da doação de empresas para as campanhas, muitos candidatos passaram a usar mais as mídias sociais para disseminar suas mensagens e mobilizar os eleitores.
Em linhas gerais, a nova pesquisa aponta que os americanos estão mais descontentes com o conteúdo político disseminado via mídias sociais. Apenas 20% afirmam gostar do conteúdo político compartilhado nesse ambiente. Quando discutem política com alguém que discordam, apenas 35% consideram que o debate foi interessante e informativo. Cerca de 59% afirmam que a discussão foi frustrante e estressante. Abaixo, algumas das principais conclusões da pesquisa.
SETE EM CADA DEZ NÃO PUBLICAM OU COMENTAM CONTEÚDO POLÍTICO
Segundo o Pew, cerca de 32% dos usuários de mídias sociais afirmam postar, comentar ou compartilhar muito ou algumas vezes conteúdo político nas suas redes. Por outro lado, sete em cada dez americanos disseram que nunca ou quase nunca publicam, comentam ou compartilham conteúdo político.
A pesquisa também perguntou sobre o perfil das redes sociais dos americanos. Cerca de 66% dos usuários do Facebook relataram conhecer pessoalmente seus amigos. No Twitter, esse percentual é bem menor: 15%.
Apesar das diferenças, que poderiam alterar o tipo de conteúdo mais frequente nas redes dependendo do perfil de amigos que o usuário escolhe acompanhar, cerca de 25% (Facebook) e 24% (Twitter) dos usuários das duas redes sociais disseram que muito do que veem na suas timelines está relacionado a temas políticos.

Os dados da Pew indicam que conhecer pessoalmente os seus amigos nas redes é um indicativo de alguma semelhança também com suas crenças políticas. Entre os usuários do Facebook, 23% afirmaram que o conteúdo político compartilhado por seus amigos é similar às suas crenças, e 53% uma mistura de crenças semelhanças e diferentes, e apenas 8% relataram que o conteúdo é diferente da suas crenças.
Já entre os usuários do Twitter, 17% do conteúdo publicado por seus amigos é similar às suas crenças e 39% uma mistura de crenças semelhantes e diferentes. O estudo ressalta, porém, que muita gente simplesmente ignora as crenças políticas dos amigos.
“Uma proporção considerável dos usuários simplesmente não presta muita atenção às características políticas dos seus amigos nas suas redes: 19% dos usuários do Facebook e 37% dos usuários do Twitter afirmam não ter certeza sobre as crenças políticas dos seus amigos e seguidores”, afirma o relatório do Pew.

BLOCK NOS ‘AMIGOS’ QUE PENSAM DIFERENTE
Quando discordam do conteúdo compartilhado por seus amigos, cerca de 83% dos usuários das redes sociais tendem a ignorar a mensagem, e apenas 15% se envolvem em discussões e debates. Mas nem tudo é pacífico na rede social. Em média, cerca de 39% dos usuários afirmam que já tomaram algum medida, como bloquear um amigo (27%) ou mudar a configuração da rede para ver menos publicações de conteúdo político que eles discordam (31%).
Embora o conteúdo político tenda a circular mais entre pessoas compartilham das mesmas crenças, o Pew identificou um percentual de 20% de americanos que afirmaram ter mudado um ponto de vista sobre um tema político ou um candidato após ler um conteúdo postado por seus amigos.
OS ENGAJADOS
Como outras pesquisas já demonstraram, o ativismo nas redes sociais é dependente do interesse por política. São os mais interessados que tendem a participar mais das discussões e na disseminação das mensagens. Segundo o Pew, 20% dos americanos são considerados altamente engajados. “Os usuários altamente engajados têm um papel mais ativo quando se trata de curadoria nas suas redes políticas on-line. Por exemplo, eles são mais propensos a seguir candidatos políticos ou figuras políticas. Cerca de 53% dos mais engajados fazem isso, contra 21% dos usuários com baixos níveis de engajamento político. E quando um de seus amigos posta conteúdo político que eles discordam, cerca de 30% desses usuários de mídia social altamente engajados dizem que normalmente respondem com um comentário ou post do seu próprio”, diz o estudo do Pew.
Fonte: O Globo

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