1º Diagnóstico de Comunicação Pública Municipal do Brasil

Uma das primeiras iniciativas da ABCPÚBLICA foi a realização de uma pesquisa com comunicadores que atuam nos municípios brasileiros. De acordo com Lincoln Macário (presidente da entidade) “embora fundamental, a gestão das cidades é muito pouco observada e um dos focos da ABCPÚBLICA é atuar na realidade dos municípios onde os olhos e ouvidos do cidadão precisam ser mais valorizados pela comunicação”.
A ABCPÚBLICA, em parceria com a LS Comunicação, agência que apoia institucionalmente a Associação, em parceria com a empresa Quiz Inteligência de Mercado, foi a campo ouvir os profissionais de comunicação dos municípios brasileiros para dar subsídios no sentido de identificar o perfil e a realidade dos comunicadores públicos do Brasil. Daí surgiu o 1º Diagnóstico de Comunicação Pública Municipal do Brasil
Nesta entrevista, Lariza Squeff, diretora da LS Comunicação, dá detalhes da pesquisa.
Pode explicar qual a metodologia da pesquisa?
LS – Para dar subsídios à ABCPública, foi realizado um levantamento quantitativo  em setembro de 2016, por telefone, com 600 pessoas responsáveis pela assessoria de comunicação municipal. A amostra foi distribuída de forma proporcional ao número de cidades por unidade da federação. Importante reforçar que se trata de uma pesquisa inédita que não só aponta o perfil dos profissionais, como também percebe e entende suas necessidades, dificuldades e anseios.
Qual o perfil do entrevistado?
LS – A maioria dos entrevistados (41%) está na faixa etária de 25 a 34 anos, sendo 20% entre 25 a 29 anos e 21% entre 30 a 34 anos. Destes, 53% são homens e 47% são mulheres.
 
Quais os dados mais relevantes da pesquisa?
LS – A pesquisa aponta dados interessantes como o fato de que nem todos os profissionais que atuam no segmento são da área de comunicação, sendo 25% de outras profissões. Identificamos ainda que apenas 19% do universo entrevistado é concursado, os demais foram indicados ao cargo. E, quando questionamos sobre infraestrutura, ou seja, condições de trabalho, 61% apontam que enfrentam problemas do tipo. Mas a maior dificuldade, no entanto, é o excesso de burocracia, enfrentado por 75% dos entrevistados.
 Quais profissionais dominam a área de comunicação nos municípios? 
LS  – Jornalistas são os profissionais que mais atuam na área de comunicação municipal e representam 48% dos entrevistados, seguidos por profissionais formados em áreas correlatas à comunicação, como publicidade, marketing, promoção de eventos e relações públicas, que somados ficam em 27%. De forma bastante fragmentada, outras áreas correspondem a 14% e contam com bancários, comerciários e estudantes. Em seguida (11%) abrangem profissões ainda da área de humanas, mas que não estão ligadas à comunicação, entre elas, contabilidade e economia.
 
Quais profissões não relacionadas à comunicação foram encontradas no exercício do papel de comunicadores, o que chamou atenção?
LS – Entre as profissões não relacionadas à comunicação estão áreas como Agronomia, Fisioterapia, Contabilidade, Ciência da Computação, Informática e Processamento de Dados. Chama a atenção o fato de profissionais de outras áreas, inclusive de exatas, estarem diretamente ligados a uma função de comunicação dentro dos municípios.
 
O número reduzido de relações públicas ou publicitários chamou atenção?
LS – Sim. Publicitários e Relações Públicas tem pouca representatividade entre os comunicadores públicos, sendo 9% e menos de 1% (0,95%), respectivamente. Mas vale lembrar que foi uma radiografia direcionada para os municípios, muitos deles de pequeno porte.
Quais os grandes problemas enfrentados por esses comunicadores?
LS – Excesso de burocracia (75%), falta de estrutura (61%), falta de compreensão da área (60%) e sobrecarga de tarefas (60%) são os principais problemas apontados pelos comunicadores. Vale ressaltar que 42% dos comunicadores públicos indicaram que não elaboram um planejamento formal e discutido com os dirigentes.  Estas questões são grandes entraves para uma comunicação mais efetiva.
Este levantamento apontou quais desafios para a ABCPÚBLICA?
LS – As informações colhidas pela pesquisa sem dúvida foram fundamentais para a definição dos objetivos da ABCPública. E, entre os desafios da Associação, está a valorização da importância estratégica e função social dos comunicadores públicos junto à sociedade, por meio do desenvolvimento, apoio e fomento de padrões de excelência para esta atuação, em setores como Executivo, Judiciário e Legislativo e no terceiro setor. Também vale apontar o grande desafio de promover a formação de profissionais qualificados, além de aproximar a sociedade das atividades desenvolvidas no campo da comunicação pública, incentivando a relação entre os profissionais e a comunidade em geral. A comunicação precisa ser menos institucional e efetivamente de caráter público, ligada diretamente ao cidadão.
 
A pesquisa será realizada anualmente?
LS – Sim. Até para acompanhar a evolução deste quadro e as respostas aos objetivos propostos pela ABCPública. A pesquisa anual também vai ajudar a monitorar o dia a dia dos comunicadores públicos e identificar as deficiências para que possamos  encontrar soluções eficazes para o diálogo e participação do cidadão.
Os comunicadores públicos sentem necessidade de apoio por meio de uma associação?
LS – Sim, a grande maioria dos entrevistados (95%) avaliou como importante e necessária a existência de uma entidade dos comunicadores públicos. E, entre os principais motivos estão o suporte, a orientação e troca de informações, além da capacitação profissional e a valorização da categoria.
 
 
 

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