Casos de agressões a profissionais da comunicação em contexto político, partidário e eleitoral já somam 137 ao longo de 2018, conforme levantamento da Abraji. Foram 75 ataques por meios digitais (com 64 profissionais afetados) e outros 62 casos físicos (com 60 atingidos).
A maior parte das ocorrências físicas está relacionada à cobertura de manifestações ou eventos de grande repercussão ligados a eleições. O ônibus em que viajavam 28 comunicadores que cobriam a caravana de Lula no sul do país foi atingido por um atentado a tiros realizado por opositores ao ex-presidente. Durante a cobertura da prisão do petista, outros 19 profissionais foram hostilizados ou agredidos por seus apoiadores.
O caso mais recente é de uma jornalista pernambucana, agredida e ameaçada de estupro por apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no último domingo (7.out.2018), após deixar seu local de votação.
Entre os casos digitais, a maioria (91%) são de exposição indevida de comunicadores, quando os agressores compartilham fotos e/ou perfis apontando que o(a) profissional seguiria uma ideologia e, assim, incentivando ofensas em massa. As agressões ocorrem em especial no Facebook e no Twitter.
Pessoas públicas e políticos, como o economista Rodrigo Constantino, o humorista Danilo Gentili, a jornalista (e agora deputada federal eleita pelo PSL-SP) Joice Hasselmann, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e os procuradores Marcelo Rocha Monteiro (MP-RJ) e Ailton Benedito (MPF-GO) estão entre os autores das violações.
Perfis em redes sociais ligados a pautas conservadoras e com grande alcance como o Movimento Brasil Livre (MBL) também estão na lista de casos digitais. Em maio, o grupo produziu um “dossiê” acusando jornalistas de ter viés partidário e atuarem como “censores”. O levantamento foi feito após a divulgação de uma parceria de agências de checagem de fatos com o Facebook. No documento, circulado via WhatsApp e Facebook, há fotos de jornalistas classificados como “esquerda” e “extrema esquerda”, retiradas de redes sociais, além da reprodução de postagens que “comprovariam” a inclinação política dos profissionais.
Conforme manifestado em notas sobre os casos mencionados, a Abraji se solidariza com os repórteres e repudia as agressões. Ofensas, assédio e ameaças a jornalistas com o objetivo de silenciá-los são sintomas de desprezo pela democracia. O direito à informação, essencial para toda a sociedade, fica comprometido quando profissionais da imprensa são impedidos de exercer seu ofício livremente.
Fonte: Abraji