Posto que há um imbricamento entre os discursos públicos de saúde que classifiam patologias e os modos de subjetivação que se materializam em discursos de consumo, o objetivo do presente artigo é mapear discursos sobre masculinidade que se entrecruzam no discurso da saúde pública sobre masculinidade tóxica. A partir dos pressupostos metodológicos da análise crítica do discurso, analisaremos os discursos que apelam para os modos de subjetivação em duas campanhas do SUS sobre masculinidade tóxica para que possamos explorar as formas de convocação do público masculino nelas presentes. É possível observar, em tais campanhas, a contraposição narrativa entre uma masculinidade saudável e outra doente, o deslocamento da responsabilidade pela saúde das instituições sociais para o indivíduo e elementos de legitimação do discurso que reforçam a masculinidade hegemônica nas mesmas peças (no caso, vídeos) que visam questioná-la.