A profissionalização da comunicação política governamental e seus desafios democráticos na França e no Brasil

CESAR, Camila Moreira. A profissionalização da comunicação política governamental e seus desafios democráticos na França e no Brasil. 2020. 563 f. Tese (Doutorado em Comunicação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Université Sorbonne Nouvelle Paris 3, Paris, 2020.

CESAR, Camila Moreira

Combinando as contribuições das ciências da informação e da comunicação, da sociologia profissional e da ciência política, esta tese questiona as implicações para a democracia da profissionalização da comunicação política governamental na França e no Brasil. Inseparável da atividade política e fundamento das sociedades democráticas, a comunicação é uma constitutiva dos regimes representativos. No entanto, as transformações da visibilidade pública dos atores e instituições políticas e das formas de comunicar dos governos jogam luz sobre os efeitos do seu desenvolvimento como especialidade dentro do campo político para o funcionamento dos sistemas democráticos contemporâneos. Com base em uma pesquisa realizada com 22 assessores de comunicação que trabalharam para presidentes e ministros franceses e brasileiros de 1995 a 2019 e de 1985 a 2017, respectivamente, este trabalho objetiva identificar, caracterizar e analisar os modelos de profissionalização da comunicação política do governo nesses dois países. Além disso, destacamos as relações entre os processos de profissionalização que ocorrem nesses espaços particulares da vida coletiva e o sentimento de complexificação da política nas democracias contemporâneas. Ao privilegiar a perspectiva comparativa e a abordagem compreensiva dos discursos dos responsáveis pela comunicação política do governo na França e no Brasil, este estudo enfatiza o papel, as motivações e as concepções de comunicação que norteiam o trabalho desses atores em ambos os países. Este trabalho mostra que, apesar das diferenças que estruturam esse meio na França e no Brasil, a constituição desse grupo de atores apresenta um caráter hermético, pouco favorável à renovação e submetido a imperativos políticos e econômicos.

 

 

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