INFLUÊNCIA E LIMITES DA LINGUAGEM SIMPLES COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA

SANTOS, Carmem Ciene Pinheiro

Os índices que medem alfabetismo e proficiência leitora dos brasileiros apresentam resultados preocupantes e que colocam em evidência a dificuldade de utilização, por parte da população, dos serviços públicos, por não entender a linguagem utilizada nos textos divulgados por entes governamentais. Esse cenário aponta para a necessidade da criação de ferramentas, como a linguagem simples, que simplifiquem os textos e tornem o cidadão autônomo na utilização da informação e dos serviços. O presente trabalho se baseou no método experiencial de Lejano (2012) para analisar a percepção dos contemplados no Edital Ceará da Cidadania e Diversidade, de 2022, acerca da influência do texto divulgado em linguagem simples em sua participação no certame em questão, comparando com dados de experimento realizado pelos mesmos indivíduos. O experimento usou os parâmetros de medição de linguagem simples utilizados por Pires (2021) e comparou os dados obtidos no experimento com as respostas dos participantes à entrevista com roteiro semiestruturado, esta tendo sido baseada nas discussões sobre a relação entre comunicação pública, participação e linguagem simples. Os resultados apontam que, mesmo para um público habituado a um gênero textual que usa a linguagem do “burocratês”, existem benefícios na divulgação dos textos em linguagem simples,= principalmente no que se refere ao tempo necessário para ler o texto e utilizar suas informações no seu processo de participação no edital cultural (construção do projeto e inscrição no certame), bem como no que tange à interpretação das informações
disponibilizadas pelo texto. O resultado das entrevistas também apontou o uso da linguagem simples como ferramenta de democratização dos editais, no sentido de se apresentar como um instrumento na direção de uma comunicação voltada para os preceitos de participação, cidadania e interesse público.

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