Brasileiras criam plataforma de notícias especializada em jornalismo de dados e questões de gênero

A plataforma será lançada na segunda semana de agosto e terá formato semelhante ao de uma revista.
No próximo mês, um grupo de jornalistas brasileiras planeja lançar uma plataforma de notícias digitais que vai usar jornalismo de dados para abordar assuntos relacionados a questões de gênero.
As jornalistas Natalia Mazotte, Giu Bianconi e Maria Lutterbach estão desenvolvendo o projeto “Gênero e Número – Narrativas Para a Equidade”. Em conversa com o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, as jornalistas falaram sobre a concepção da plataforma, a produção de reportagens e as expectativas com o lançamento do site.
“Nossa ideia é desenvolver uma iniciativa de jornalismo independente que foque na questão de gênero, mas com a perspectiva de trazer mais dados para o debate”, disse Mazotte, que foi repórter e instrutora assistente do Centro Knight por muitos anos.

A plataforma será lançada na segunda semana de agosto e terá formato semelhante ao de uma revista. A cada mês, um novo tema será abordado, trazendo reportagens e dados para aprofundar o assunto.
A ideia é selecionar tópicos que estejam de alguma forma relacionados aos acontecimentos mais marcantes do momento. O tema de estreia, por exemplo, será “Mulheres no Esporte”, com foco nas Olimpíadas.
Apesar do trabalho possuir foco em direitos humanos e nos temas pautados pelo feminismo, a proposta não deve ser confundida com um discurso ativista.
“Não é um projeto de ativismo, é um projeto de jornalismo. A gente quer fazer a ponte entre esse público que já trabalha e milita pelas questões de gênero e o público em geral”, explicou Lutterbach.
O projeto começou a ser desenvolvido há sete meses e tem apoio da Fundação Ford e do site de notíciasAgência Pública. As jornalistas também contam com uma equipe de colaboradores formada por programador, designer e repórteres.
Segundo Bianconi, a plataforma foi concebida de forma a garantir o dinamismo dos conteúdos produzidos e aproveitar o engajamento com a audiência nas redes sociais, por meio da distribuição das matérias no Facebook, Twitter e Instagram.
“A gente pensou numa plataforma que pudesse agregar diferentes formatos para que as narrativas não tivessem uma cara de pesquisa, para que os dados fossem apresentados de forma dinâmica e aproveitando todas as possibilidades que temos hoje em termos de ferramentas e recursos,” disse Bianconi.
As bases de dados usadas nas reportagens ficarão disponíveis para que o público possa fazer o download das informações. A proposta é torná-las mais acessíveis e explicar a metodologia utilizada na elaboração das matérias, trazendo também material sobre os bastidores da atividade jornalística.
Segundo Mazotte, estes dados servirão não só para embasar uma debate mais qualificado sobre o assunto como também para pautar a mídia tradicional e auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas.
“O debate de gênero vem ganhando força, mas ainda é de nicho. São poucas pessoas falando sobre o tema, embora seja uma questão que diga respeito a todo mundo,” afirmou Mazotte. “A gente quer trabalhar especialmente para melhorar o debate e transpor o nicho no qual ele se coloca. Nossa proposta é fazer jornalismo sobre gênero para fora do nicho. É furar a bolha.”
Fonte: Knight Center

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *