Curso de Comunicação Pública inicia com debates sobre IA e desafios eleitorais

A Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) abriram, no último sábado (25), o Curso Completo em Comunicação Pública. O evento de abertura destacou a relevância da Inteligência Artificial e da comunicação pública em um ano eleitoral, com debates conduzidos por especialistas renomados, como o jornalista Eduardo Tessler (Mídia Mundo), Giselly Siqueira (TSE), Helena Chagas (Apex) e Eduardo Pugnali (Secretaria de Comunicação do Paraná). 

O seminário abordou temas cruciais para 2024: as transformações digitais na produção de notícias até as estratégias para manter a qualidade da comunicação pública em um ambiente político polarizado. O curso está na sua quinta edição e conta com profissionais de comunicação na área pública de diferentes estados brasileiros entre os inscritos.

“Comunicação Pública em tempos de MultiConexão e do protagonismo da Inteligência Artificial” foi um dos temas deste primeiro encontro. O debate foi conduzido pelo jornalista Eduardo Tessler (Mídia Mundo) que apresentou as mudanças geradas pela digitalização no contexto da notícia, e a atuação da comunicação pública nas práticas de produção de conteúdo para atender as expectativas do mundo atual. “A comunicação pública precisa ser um serviço, ter o compromisso com o usuário, ser transparente, dar satisfação, resolver os problemas das pessoas, sem deixar de atender os meios de comunicação social”, enfatizou. A palestra de Tessler foi mediada pelo presidente da Aberje, Paulo Nassar

Durante sua apresentação, Tessler, que mora em Porto Alegre, apresentou sua visão e debateu com o grupo de alunos sobre a comunicação dos governos e órgãos públicos frente às enchentes ocorridas no estado. Ele citou uma estratégia adotada para atenuar possíveis críticas e resolver questionamentos dos usuários: a utilização de mecanismos como perguntas populares e emoji nos posts publicados nas redes sociais, para humanizar a prestação de serviço de informação. “Com isso criaram simpatia, uma relação com o público”, explicou Eduardo. 

A diretora de Comunicação da Defensoria Pública de Minas Gerais e uma das alunas do curso, Virgínia Silva, aprovou a escolha  do tema e do profissional para esse primeiro encontro: “Foram muito felizes em começar o seminário com um profissional do Sul, revisitando um case real e atual. Minha expectativa é de que seja um excelente curso em todos os sentidos: muita troca, aprendizado e novos contatos”, disse.

O tema abordado na segunda parte do encontro foi “Fazer Comunicação Pública em Ano de Comunicação Política”. Os participantes propuseram  reflexões sobre a atuação do profissional de comunicação num ambiente polarizado politicamente, buscando manter uma comunicação pública de alta qualidade no dia a dia, independentemente do perfil da gestão política, e, particularmente, em um ano eleitoral. O debate foi conduzido pela presidente da ABCPública, Cláudia Lemos.

A secretária de Comunicação e Multimídia do Tribunal Superior Eleitora (TSE), Giselly Siqueira, foi uma das painelistas. Ela ressaltou a diferença entre dar e fazer publicidade: “Dar publicidade é dar transparência e fazer publicidade é a venda de produtos e serviços. Até 6 de julho podemos fazer os dois, depois só é possível dar publicidade”, explicou.

Baseada na Resolução 23.735 de fevereiro de 2024, do TSE, a profissional explicou a atuação da comunicação pública na divulgação de informações durante o período eleitoral para não configurar publicidade e chamou a atenção para as informações consideradas obrigatórias como as relacionadas aos gastos e receitas do governo, e as relacionadas ao interesse público coletivo. “Essas informações devem ser permanentemente atualizadas”, ressaltou Giselly. Ela avaliou que a resolução com as regras deste ano ficou mais clara e chamou a atenção para a participação da ABCPública na audiência pública do TSE, realizada em janeiro que tratou do assunto.

Confira aqui a apresentação compartilhada por Giselly Siqueira.

A jornalista Helena Chagas (Apex Brasil) disse que a polarização na política acontece não só no período eleitoral. Ressaltou  a  importância do letramento midiático: “Nós, da comunicação pública, temos que navegar num mar revolto o tempo todo. É  preciso que a comunicação pública esteja a serviço não só de combater as falsas notícias, mas também a  serviço de um esclarecimento maior à população, de levar informação e educação, para que o próprio cidadão reconheça os obscurantismos difundidos pelas redes sociais”, alertou Helena. 

O jornalista Eduardo Pugnali (Secretaria de Comunicação do Paraná) completou o time dos painelistas deste primeiro encontro. Eduardo defendeu a regulamentação do fim das marcas de governo. “Dentro desse universo que a gente vive, não há mais espaço para esse uso da marca, que gera custos, quando  a comunicação política é muito mais baseada nas pessoas, nas contas dos políticos nas redes sociais. Não vai ser um logo de gestão que irá caracterizar aqueles quatro anos.” 

Esse foi apenas o primeiro dos 19 encontros que serão realizados sempre aos sábados e de forma on-line. O próximo encontro está agendado para dia 8 de junho, com o tema Estratégia e Planejamento em Comunicação Pública. O instrutor será o curador do curso, Jorge Duarte, vice-presidente da ABCPública, que organizou o seminário de abertura.

Ainda é possível se matricular em módulos específicos. Para acessar a programação completa do curso, acesse: https://abcpublica.org.br/curso-completo/.  

Com contribuições de Deborah Goecking*

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