Papa alerta mídia sobre "pecado" de espalhar notícias falsas e difamar políticos

A mídia que foca em escândalos e espalha notícias falsas para difamar políticos arrisca se tornar como pessoas que têm um fascínio mórbido por excrementos, disse o papa Francisco em entrevista publicada nesta quarta-feira.
O pontífice argentino disse ao semanário católico belga “Tertio” que espalhar desinformação é “provavelmente o maior dano que a mídia pode causar” e que usar as comunicações para este fim, em vez de educar o público, equivale a um pecado.
Usando termos psicológicos precisos, ele disse que a mídia centrada em escândalos se arrisca ser presa da coprofilia, ou excitação por excrementos, e consumidores destas mídias arriscam cometer coprofagia, ato de comer fezes.
O papa pediu perdão pelo uso dos termos para ilustrar seu ponto de vista enquanto respondia uma pergunta sobre o uso correto da mídia.
“Acredito que a mídia tenha que ser bem clara, bem transparente, e não cair, sem intenção de ofensa, na doença da coprofilia, que é sempre querer cobrir escândalos, coisas desagradáveis, mesmo que sejam verdadeiras”, afirmou.
“E como as pessoas têm tendências à doença da coprofagia, muitos danos podem ser causados”.
Esta parte da entrevista, que foi distribuída à imprensa com uma tradução em italiano da entrevista, feita em espanhol, contem parte da linguagem mais direta nunca usada antes pelo papa para se referir à mídia.
Ele também falou sobre o perigo de usar a mídia para difamar rivais políticos.
“Os meios de comunicação possuem suas próprias tentações, eles podem ser tentados pela calúnia, e logo usados para caluniar pessoas, para difamá-las, sobretudo no mundo da política”, disse. “Ninguém possui o direito de fazer isto. Isto é um pecado e é doloroso”.
Ele descreveu a desinformação como o maior dano que a mídia pode fazer porque “direciona opinião em somente uma direção e omite a outra parte da verdade”.
Os comentários do papa sobre desinformação seguem um debate generalizado nos Estados Unidos sobre se notícias falsas na Internet poderiam ter influenciado os eleitores em relação ao candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump.
Fonte: Reuters

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