Comunicação pública e campanhas nacionais de vacinação em contexto de midiatização: as estratégias comunicacionais do Ministério da Saúde na crise da cobertura vacinal de 2018

MOTTA, J. R. Comunicação pública e campanhas nacionais de vacinação em contexto de midiatização: as estratégias comunicacionais do Ministério da Saúde na crise da cobertura vacinal de 2018. 2020. 320 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020.

MOTTA, J. R.

Esta dissertação está inserida no cenário das crises que tensionam a saúde pública brasileira, em especial as recentes discussões sobre os baixos índices de cobertura vacinal e a dificuldade de sensibilização das campanhas públicas estabelecidas na dimensão institucional do Ministério da Saúde. Esta proposta ampara-se nos desafios contemporâneos instaurados pelas recorrentes mudanças sociais, bem como as possibilidades de interação e participação viabilizadas pelas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Diante disso, a problemática desta pesquisa buscou analisar as estratégias de comunicação em mídias digitais estabelecidas pelo Ministério da Saúde para a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e contra o Sarampo de 2018, bem como entender de que modo foram acionados processos sintonizados com os princípios da comunicação pública. Pondera-se, que ao tratar de comunicação pública e das campanhas de vacinação, tem-se a necessidade de refletir sobre o exercício da cidadania, que estão atrelados ao direito à saúde, à informação e à comunicação, considerados direitos sociais instituídos. Fundamentado no exposto, o quadro conceitual foi constituído a partir da Pesquisa Bibliográfica (LAKATOS; MARCONI, 2003), com intuito de subsidiar teoricamente a problematização do objeto em análise, tal como elucidar os objetivos propostos. Nesse sentido, o percurso teórico foi elaborado a partir de três capítulos: Capítulo 2 – Interesse Público, Cidadania e Saúde; Capítulo 3 – Entre a Esfera de Visibilidade Pública e a Visibilidade Midiatizada e Capítulo 4 – As Dimensões da Comunicação Pública, além das subdivisões que complementam e sustentam os argumentos apresentados. Esta pesquisa apoia-se nos aportes teórico-metodológicos da pesquisa qualitativa (MINAYO, 2001) básica (SILVA, 2004) e da abordagem exploratória-descritiva (GIL, 2007), tendo como método de pesquisa o estudo de caso único com unidades integradas de análise e da triangulação de múltiplas fontes de evidência (YIN, 2010). A coleta de dados foi realizada a partir da Pesquisa Documental (CELLARD, 2008), Pesquisa Bibliográfica (LAKATOS; MARCONI, 2003), Pesquisa dos Mecanismos de Interação (FERBER; FOLTZ; PUGLIESE, 2017) e da Entrevista em Profundidade (DUARTE, 2010). O corpus foi constituído por documentos administrativos, relatórios técnicos e de gestão, de material e produtos de comunicação, de entrevista em profundidade, além de registros em arquivos de uso público, de gastos e investimentos em campanhas de vacinação. Como técnica de análise, utilizou-se também da estratégia da triangulação de métodos e técnicas, composta pelos Ciclos de Codificação (SALDAÑA, 2013), Análise Histórico-descritiva (DEVITO, 1997) e Análise Descritiva (TRIVIÑOS, 2011). Ademais, este estudo permitiu compreender que as estratégias empreendidas pelo Ministério da Saúde durante a campanha de 2018 privilegiaram a informação ao invés da comunicação. Conforme verificou-se, a informação – em quantidade – foi amplamente divulgada, mas desconsideraram o processo como algo mais amplo do que a informação. Além disso, constatou-se que as estratégias não privilegiaram o cidadão como centro dos processos comunicacionais. A falta de diálogo na construção das campanhas e a não interação nos conteúdos publicizados nas mídias digitais demarcam a práxis comunicacional analisada, o que possibilita concluir que as estratégias empregadas não assumiram a complexidade da prática da comunicação pública. Ressalta-se que o estabelecimento de uma práxis comunicacional dialógica, de estímulo ao protagonismo, ao intercambio de papeis de forma racional e corresponsável pode atuar no fortalecimento do vínculo entre Estado e cidadão, bem como atuar na promoção do pleno exercício da cidadania e na mobilização ativa da sociedade.

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