INTERVENÇÕES PRIVADAS NA COMUNICAÇÃO PÚBLICA DO GOVERNO DE JAIR BOLSONARO: os vieses moralistas e religiosos

PINHEIRO, Muriel Felten. INTERVENÇÕES PRIVADAS NA COMUNICAÇÃO PÚBLICA DO GOVERNO DE JAIR BOLSONARO: os vieses moralistas e religiosos. 2021. Dissertação (mestrado em Comunicação) Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Porto Alegre, 2021.

PINHEIRO, Muriel Felten

A pesquisa dessa dissertação tem por objetivo analisar a interferência de
interesses privados na comunicação pública do governo de Jair Bolsonaro,
determinados pela presença do viés moralista e do viés religioso. No objeto empírico constituído por discursos e produtos da comunicação governamental, veiculados tanto em canais institucionais quanto coordenados diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro, buscou-se compreender de que maneira os elementos moralistas, advindos da dimensão familiar e cultural de cada indivíduo, assim como os religiosos, que afrontam o Estado laico, incidem na comunicação pública. Os principais conceitos que norteiam esta pesquisa estão calcados principalmente nas noções de comunicação pública, a partir de Esteves (2011), Gomes (2008) e Weber (2017); Nas abordagens de religião nas teorias sociológicas de Bourdieu (2011) e Weber (2013);
Nas definições sobre democracia, propostas por Dahl (2001) e Bobbio (2007). A
metodologia utilizada incluiu pesquisa exploratória, histórico-documental e a definição do corpus de pesquisa constituído por conteúdos oficiais da comunicação do governo (sistema de comunicação institucional) e aqueles definidos pelo presidente
(comunicação presidencial). Foram analisados símbolos, slogans, bordões,
campanhas publicitárias; agendas presidenciais; discursos presidenciais e,
especialmente, 1225 postagens do perfil do presidente Jair Bolsonaro na rede social Instagram. Através do software NVivo, os posts foram classificados conforme a sua vinculação aos temas políticos e a temas sensíveis e, a seguir, valorados de acordo com as categorias de análise “comunicação pública” e “viés moralista e viés religioso”. O estudo concluiu sobre a forte incidência de interesse privados e da comunicação particular do presidente que se sobrepõem à normatividade da comunicação pública imanente aos princípios republicanos, obstruindo, assim, elementos basilares das relações sociais e enfraquecendo a democracia.

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