Nesta segunda-feira (28), o evento “Plenária final – 1a Conferência Livre Nacional de Profissionais da Comunicação Pública” reuniu mais de 50 profissionais da comunicação pública para discutir propostas que reivindicam melhores condições de trabalho para os profissionais da área. A reunião discutiu 10 propostas, envolvendo a questão da precariedade das relações de trabalho e com foco também na integridade da informação, aprovando 9 dessas questões levantadas.
O evento foi a parte final do que foi iniciado na reunião do 16, na qual profissionais se reuniram para produzir mais propostas e discutir o impacto destas nas condições dos trabalhadores da área da comunicação pública. Com essas novas recomendações, a plenária final tratou de determinar a aprovação de cada uma das propostas por meio de votação, além de discutir adaptações como o aglutinamento de propostas e a melhor escrita do texto. Cris Cirino, pesquisadora da Inovacom/UFPA e uma das organizadoras deste evento, destacou a importância dessa discussão e os frutos que podem ser gerados a partir dela.
- Comunicação e desinformação
“O motivo que levou a gente a definir esse tema foi o cenário de desinformação com relação à saúde que só cresce. Nós tivemos o período da covid que nos apontou diversas narrativas que prejudicaram muito a população vindas de um governo que distorcia essas narrativas e a partir daí a gente teve uma crise na ciência. E ainda sobre tudo que se desdobrou depois da covid a gente ficou pensando nas outras endemias ou epidemias, como a dengue e a mpox. E toda vez que surge uma dessas doenças, surge também um cabedal de narrativas desinformativas, então isso foi muito forte para a gente, para pensar num tema de uma conferência livre que unisse a comunicação e a desinformação. E concomitante a isso a gente entende que ao falar de comunicação pública ainda há um equívoco, de confundir comunicação pública com comunicação institucional, e não é. A comunicação por si só já é pública pois é de interesse público. E aí a gente quis falar desses dois eixos muito fortes sobre a desinformação na saúde mas também sobre as pessoas que atuam na comunicação, independente da instituição”, explicou Cris Cirino.
Com essas propostas discutidas e aprovadas, agora elas passam para a próxima etapa, que é serem discutidas na 5ª Conferência Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, organizada pelo Conselho Nacional de Saúde. E para representar os interesses dos comunicadores públicos que elaboraram as recomendações, houve uma votação ao final da reunião para que um delegado fosse eleito. Débora Pinheiro, servidora e Associada da ABCPública, foi a escolhida pela votação.
- 5ª Conferência Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
“Espero que seja um evento em que a Comunicação Pública tenha mais destaque, pois ela tem sido tratada sempre com um aspecto instrumental das políticas públicas mas não como uma política pública em si, e é esse o grande esforço da Associação Brasileira de Comunicação Pública. Sobre as propostas, eu acredito que possam sim contribuir para a melhora das condições de trabalho dos comunicadores públicos e comunicadoras públicas, na medida em que olhamos também para a precarização do trabalho dessas pessoas, porque o trabalho precarizado de quem trabalha nessa área favorece assédio, favorece a disseminação da desinformação em escala institucional, favorece o adoecimento, o desrespeito às normas trabalhistas. Então acredita que se trate de um conjunto de propostas que fazem com que os processos de trabalho sejam melhores organizados. E dessa forma não só a saúde dos comunicadores públicos será afetada positivamente como também a capacidade dessas pessoas de transmitir e de colaborar para que a comunicação pública seja de fato uma política voltada para o interesse público”, explicitou Débora, sobre suas expectativas para o evento e sobre as propostas aprovadas.
A 5ª Conferência Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora terá sua Etapa Nacional do dia 18 ao dia 21 de Agosto, onde a delegada eleita poderá apresentar as propostas aprovadas na Conferência Livre.