Especialistas e liderança debatem desafios da comunicação pública frente à desinformação climática

Por Leticia Amarante, da UFS

Foto Breno Oseias, da UFS

O último dia do III Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, encerrou as discussões sobre o tema, com a mesa ‘Comunicação Pública e Desinformação: Desafios na Era das Mudanças Climáticas’, que contou com a presença de representantes governamentais, comunitários e da academia.

O assessor de imprensa do governo do Rio Grande do Sul, Carlos Moreira e a jornalista do coletivo Intervozes, Nataly Queiroz se juntaram à liderança de terreiro, Yalorixá Mãe Bia de Yemanjá para discutir casos de desastres climáticos e o papel da cobertura jornalística ambiental. Com dois representantes do Estado atingidos por alagamentos históricos em 2024, o debate mostrou lados opostos da tragédia ambiental.

Trazendo uma diversidade de vozes, debateram as dificuldades e os obstáculos que perpassam a comunicação pública e o jornalismo ambiental.
A necessidade do combate à desinformação foi abordada de diferentes maneiras pelos palestrantes. A pesquisadora Nataly de Queiroz trouxe uma análise crítica da qualidade da produção jornalística vigente e as falhas cometidas para fortalecer a luta ambiental e a mobilização do público.

A falta de fontes e perspectivas diversas, além da ausência de articulação da cobertura com pesquisas e legislações ambientais foram abordados por Nataly. “Uma cobertura descontextualizada, muito factual, que só traz um caso, mas que não aprofunda, pode agravar um processo de desinformação ou de não compreensão sobre o que é aquela crise climática, sobre os impactos que ela tem”, declarou.

O III ComPúlica teve como tema principal a “Emergência Climática e Direito à Informação”.

Falta de regulação e linguagem acessível

A pesquisadora também destacou uma preocupação com a falta de regulação das redes sociais, as quais desempenham papel central na divulgação de notícias falsas, e a necessidade regulação mais efetiva. O assessor de imprensa do governo do Rio Grande do Sul, Carlos Moreira, também destacou o efeito das notícias falsas que demandaram a criação de uma estrutura dedicada especialmente ao combate de informações falsas durante as enchentes que aconteceram no estado em maio de 2024.

Já Mãe Bia de Yemanjá trouxe reflexões sobre como e para quem a comunicação está sendo pensada e destinada. Líder de um terreiro afetado pelas enchentes do ano passado, ela critica a comunicação engessada das autoridades durante desastres ambientais, além de reivindicar uma linguagem acessível que proporcione o real entendimento da gravidade dos acontecimentos. E apontou a realização de debates e eventos como a III ComPública como um dos caminhos para melhorar o diálogo com a população.

A participação de Mãe Bia de Yemanjá foi um dos destaques para a mesa que abordou os efeitos da emergência climática. A Yalorixá ressaltou a necessidade de ter as comunidades no centro das discussões, uma vez que são os povos tradicionais os mais afetados, e elogiou a percepção do evento.

“Penso que aí já tem mudança, um olhar diferenciado, porque quando traz uma liderança comunitária para dialogar junto, se muda o pensamento e a oportunidade de tomar outras decisões, outros caminhos”, disse. Ela se tornou a primeira liderança de comunidades tradicionais a participar do ComPública.

O III ComPública tem como patrocinadores Banco do Nordeste, Banese, Social Media Gov, Tribunal de Contas de Pernambuco. Os parceiros são Governo do Estado de Sergipe, Universidade Federal de Sergipe, DCOS, Doity, Compolítica e os apoiadores são Assembleia Legislativa, deputada estadual Linda Brasil, Prefeitura de Aracaju, Ebserh, Hotel Celi Connect e Fames (Federação dos Municípios do Estado de Sergipe).

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