Por:
Adriane Galvão (Agência Fotec/UFRN)
Sara Pereira (ABCPública)
Começou nesta segunda-feira (16/10) o II Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, Cidadania e Informação, organizado pela ABCPública em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A abertura do evento contou com uma apresentação cultural realizada pela Escola de Música da UFRN, mesa redonda e, por fim, a entrega dos Prêmios Beth Brandão de Comunicação Pública e Neuza Meller de Radiodifusão Universitária.
Dando início aos debates sobre a comunicação pública e a defesa da democracia, a mesa redonda composta por Ana Cláudia Mielke (Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social) e Ivonete Lopes (Universidade Federal de Viçosa) discutiu “o direito humano à comunicação, as ameaças da desinformação e a comunicação pública no Brasil”.
De acordo com a mestre em Ciências da Comunicação, Ana Claudia Mielke, a democracia não se constitui sem liberdade de expressão e sem o direito à informação qualificada. “Para você ter direito à saúde, à alimentação e à moradia, você precisa ter o seu direito à comunicação garantida e as ferramentas necessárias para isso”, explicou a coordenadora executiva do Intervozes.
Durante o diálogo sobre o tema, foi ressaltado a necessidade do Estado criar políticas públicas para que a comunicação pública se torne mais acessível. Neste sentido, a docente Ivonete Lopes destacou a importância de se pensar a conciliação do digital com outros canais, visando pessoas carentes e periféricas que são as que mais têm dificuldades de estarem conectadas e as que mais precisam da comunicação pública.
Ivonete Lopes, Cláudia Lemos e Ana Cláudia Mielke (Crédito: Antony Taymey/UFRN)
“A comunicação chega muito restrita ou limitada em algumas localidades, por exemplo, uma pesquisa desenvolvida em Minas Gerais demonstrou que de 31 comunidades quilombolas, 13 não têm acesso à internet. E a gente sabe que desde a pandemia, principalmente, com a plataformização das políticas públicas, o acesso à comunicação por meio da internet se tornou mais evidente como fundamental para conseguir outros direitos”, esclareceu a palestrante.
A apresentação utilizada pela professora Ivonete Lopes pode ser acessada aqui.
PREMIAÇÃO
A professora Heloiza Helena Matos e Nobre foi uma das homenageadas da noite. A doutora em Ciências da Comunicação e pesquisadora é sócia-honorária da ABCPública e recebeu o Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública, uma referência à professora Beth Brandão, que faleceu no dia 07/04/2021, aos 68 anos, em decorrência de complicações da Covid-19.
Em seu discurso, Heloiza Matos destacou a importância do debate e defesa da Comunicação Pública. Outros profissionais de comunicação homenagearam Heloiza Matos através de depoimentos reunidos pela ABCPública e apresentados em vídeo durante o evento. Confira aqui.
Heloiza Helena Matos e Nobre (Crédito: Lincoln Macário/ABCPública)
O Prêmio Neuza Meller de Radiodifusão Universitária foram entregues para a TV Unifor pela reportagem “Mundo black fortal”; Josafá Bonifácio Neto, da Rádio UFS – ‘Farinhada Sergipana”; Soraya Fidelis, pelo documentário “Memórias Afirmativas” (TV UFMG). Confira aqui o Boletim 79, da UnBTV, apresentado durante a premiação. Uma homenagem à Neuza Meller, diretora da UnbTV, também vítima da Covid-19 em 2021.
Com uma equipe majoritariamente negra, a reportagem premiada “Mundo black fortal” teve o intuito de despertar a consciência do público para discussões sobre decolonialidade e antirracismo. A ideia do projeto era criar algo que fosse além da dor sofrida pelo povo negro, mostrando seu poder de transgressão. Ana Vitória Marques, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, recebeu o prêmio em nome dos produtores – que não puderam comparecer ao evento – e leu uma mensagem de agradecimento enviada pelos vencedores:
“O núcleo de jornalismo da TV Unifor, emissora pública vinculada à Universidade de Fortaleza e mantida pela Fundação Edson Queiroz, tem a honra de receber o Prêmio Neuza Meller. ‘Mundo Black Fortal’ é uma série de reportagens sobre a juventude preta de Fortaleza, capital do Ceará — estado natal de Chico da Matilde, o Dragão do Mar, líder jangadeiro do Movimento Abolicionista no estado que aboliu a escravidão quatro anos antes do resto do Brasil. A série contempla a proposta da TV Unifor, onde produções de estudantes de comunicação da Unifor integram processos de aprendizagem voltados à formação de uma comunicação pública que reivindica garantia de direitos humanos, manutenção da cidadania e enfrentamento à desigualdade de classe, gênero e étnico-racial”.
As premiações foram lançadas no I Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, Cidadania e Informação (I ComPública), em 2021, como forma de homenagear os profissionais que trabalham pela Comunicação Pública.
LANÇAMENTO DE PUBLICAÇÕES
A abertura do II ComPública também marcou a divulgação das publicações selecionadas para o Lançamento de Publicações. As publicações foram agrupadas para o momento de lançamento e exposição em local específico nas dependências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/Campus Natal), onde o II ComPública está sendo realizado. E aqui você pode conferir cada uma das obras e como adquiri-las.
Também foram lançados oficialmente dois e-books que estão disponíveis gratuitamente na Biblioteca da ABCPública:
- “Gestão da Comunicação Pública: estudos do X Encontro Brasileiro de Administração Pública”, parceria entre a ABCPública e a Sociedade Brasileira de Administração Pública (SBAP). O livro traz uma síntese das discussões realizadas no Grupo de Trabalho Gestão da Comunicação Pública do X Encontro Brasileiro de Administração Pública (Ebap), em Brasília.
- “Comunicação Pública na Prática Política Contemporânea: Experiências, Fenômenos e Desafios para as Instituições”, lançado em conjunto com a COMPOLÍTICA, a obra apresenta uma coletânea trabalhos desenvolvidos a partir das investigações de seus pesquisadores e suas pesquisadoras, com diferentes abordagens e conceituações sobre a referida área no Brasil.
O II ComPública se estende durante os dias 17 e 18 de outubro, no Departamento de Comunicação Social e conta com mesas redondas, grupos temáticos (GTs), visita guiada à TV e Rádio Universitária da UFRN, oficinas virtuais e a participação de estudantes, pesquisadores e profissionais que atuam na área de comunicação pública.